
(Bárbara Flow)
O espanta chuva!
Formou-se um negro véu
Embriagando de espumas
O imenso e majestoso céu
Manchando a terra em brumas
Desmanchou-se o rabisco
Das verdes esperançosas plumas
Que levara umas crianças algumas
Num pedaço de azul do celeste risco!
O céu de porre que urinava
Uma tal garoa que donde
E ninguém sabia aonde
Finda e terminava!
Amarelinha e pedrinhas
Ficaram sujas de lama,
E os olhos das criancinhas
Molharam de lástima que o céu derrama!
Até que uma criança muito travessa
Pegou e meteu o nariz
Se intrometendo e usando a cabeça
desenhou no chão um sol feito de giz!
*Nome: Diogo Cordeiro.
Araras versáteis
Araras versáteis. Prato de anêmonas.
O efebo passou entre as meninas trêfegas.
O rombudo bastão luzia na mornura das calças e do dia.
Ela abriu as coxas de esmalte, louça e umedecida laca
E vergastou a cona com minúsculo açoite.
O moço ajoelhou-se esfuçando-lhe os meios
E uma língua de agulha, de fogo, de molusco
Empapou-se de mel nos refolhos robustos.
Ela gritava um êxtase de gosmas e de lírios
Quando no instante alguém
Numa manobra ágil de jovem marinheiro
Arrancou do efebo as luzidias calças
Suspendeu-lhe o traseiro e aaaaaiiiii...
E gozaram os três entre os pios dos pássaros
Das araras versáteis e das meninas trêfegas.
(Poeta Hilda Hist)